Blogia
deliteraturayalgomas

Bienvenido, Humberto Baiao

Bienvenido, Humberto Baiao

Humberto Baiao, vive en Évora, Portugal. Es licenciado en Historia y Ciencias sociales. Fue colaborador como columnista de opinión, en Diario del Sur. Su espíritu solidario lo llevó a Irak como voluntario de Paz durante la toma de Bagdad, de donde surge luego su libro:

A guerra no Iraque

(A experiencia inesquecível de um voluntario de paz na Toma de Bagdade)

Actualmente escribe crónicas, cuya oralidad y buen empleo del lenguaje,permiten al lector disfrutar del idioma portugués y de su habilidad para hilvanar palabras.

                                                                          Rosa Lía Cuello

 

_._._._._._._._._._._._._._._._.

 

EVOLUÇÃO……….                 

por Humberto Baião

         humberbaiao@gmail.com

 

Claro que não sou bipolar, mas durante os primeiros tempos de vida acreditei piamente que o era pois toda a gente o gritava. Só mais tarde me dei conta de um feitio que oscilava entre o do pacato avô Bernardo e da hiperactiva avó Glória.

 

Os ademanes e outros motivos que engalanavam a farda de meu avô, tais como os botões amarelos do dólman e as dragonas douradas,  terão seduzido primeiro, e conquistado depois, o coração da avó Glórinha.

 

Telegrafista, Bernardo chegou a ser o homem mais importante do concelho de Paços de Brandão, onde montaram loja e casaram, ele chefe e funcionário único do posto do telégrafo, mister de onde lhe advinha a tranquilidade cultivada, habituado que estava a esperar horas pelo torna mensagens á volta do mundo.

 

Mais distanciado de Glória era inimaginável pensá-lo, galega, alta,  forte, e a quem os irmãos apelidavam, brincando, de “grafonola” ambulante, sendo que o mais novo, Francisco, regressado gazeado de terras de França, quando a ouvia falar como quem não se cala nem disso faz intenção, deitava as mãos á cabeça, disparava “machine gun, machine gun, machine gun” desaparecendo da vista, ás vezes por dois ou três dias. Num desses dias afogou-se no Douro, mas nem assim minha avó se calou…

 

Meu avô primava saber as noticias do país e do mundo, que primeiro mastigava para depois vomitar numa fitinha cheia de pontinhos e traços que com um prego afixava á porta do barraco. Nessa altura alcandorara-se a telegrafista da estação dos comboios (acumulando mais um tachinho) e, para que desse conta dos dois recados, armaram-lhe uma barraca encostada á estação, para onde os fios do telégrafo civil também foram transmutados.

 

Ás tantas aprendeu mesmo a trabalhar em simultâneo com as duas mãos, conta-se que avisava Montevideu que o comboio saído de Stª Apolónia iria chegar com duas horas de atraso, ou a estação de Porto Campanhã de que o vapor de Caracas com destino a um cruzeiro pela Europa, o famoso “Admiral”, abandonara debaixo de festa o porto de Buenos Aires e se atrasaria um dia.

 

Ter nas mãos as agulhas do mundo moldou-lhe a placidez, que contrapunha dia a dia á permanente agitação de Glória. Completavam-se. Completaram-se.

 

Eu perdia-me brincando entre as carruagens estacionadas na estação e a ferrugem do chão. Cheirava a ferroviário e a alfarroba, entre cujos fardos, subindo ou descendo, vivia as aventuras de “Thierry La Fronde” o Robin dos bosques francês que via na Tv a preto e branco, (canal único e onde aparecia por vezes um senhor bem posto que era sempre muito aplaudido), Tv que para visionarmos nos obrigava a uma despesa mínima, pois o salão era repartido pela junta de freguesia, para bailaricos, e a taberna do senhor Raul, que me cobrava uma gasosa que eu estendia até ás vinte e três horas, hora a que fechava por força dos cívicos e do normativo .

 

O resto dos filmes, que geralmente ficavam por ver, acabava-os eu na manhã seguinte, fugindo dos comboios e galgando os fardos de alfarroba da menina Marianita, ou de aparas de cortiça do senhor Cascalho, que tinha um D. Elvira com a buzina roufenha e, mais tarde, haveria de comprar por catálogo, vindo da Checoslováquia, um lustroso Skoda, chegado com defeito ou mania grave, não sabia parar. 


Cansado de brincar agarrava-me a uma fatia de broa molhada barrada com açúcar mascavado e entretinha-me cariando os dentes…

 

Antes do advento da Tv divertia-me espiando minha tia Francisca, irmã de minha mãe, que vivia connosco, e que tomada de amores por um bacharel, passava as horas namorando-o ao telefone, contorcendo-se para que eu a não ouvisse nem visse de caras, presa a um fio alongado até Coimbra.

 

Aos sábados vinha o bacharel até cá, contorciam-se os dois entre as ombreiras da porta de entrada, no meio de risinhos e beliscões, que eu bem os via, bastava para tanto que os meus pais se aconchegassem de ouvidos colados á telefonia, rezando uma novela Venezuelana, que os deixava em pranto até ao dia seguinte, pois terminava comummente a meio de uma desgraça ou de um mistério por esclarecer.

 

Meu pai era guarda-fios e, com uma equipa, estendia linhas telefónicas por toda a margem norte do Douro, minha mãe costureira no “Theatro Municipal”, que acumulava com limpezas na “Rádio Voz Popular”, de cujas novelas era devota.

 

Na senda de meu avô e de meu pai eu trabalho na Telecom e monto antenas por todo o norte do país. “I Connect People”, ligo as pessoas. Sem fios, meu avô Bernardo havia de orgulhar-se de mim, ao invés de ponto traço ponto eu desbravo caminho á voz á escrita, e á imagem, pelo espectro infinito das rádio frequências ou das fibras ópticas. Modernices.

 

Casei-me em terceiras núpcias com uma loura de Vila Real, autoritária e versada em leis, temos dois rebentos lindos, ele louro como a mãe, ela morena como eu. 


O rapaz estuda informática, dizem que é um emprego com futuro


Ela passa os dias debruçada sobre o computador namorando a Net, é agitada, como a mãe e a trisavó Glória, e até fala com os aviões ! 


Ele tal e qual o trisavô Bernardo, calmo, plácido, meditativo.

 

Eu só há pouco desvendei o significado dos termos bipolar e hiperactivo. 

 

Frequentei as “Novas Oportunidades” sabiam ?

 

 

( http://mentcapto.blogspot.pt/2012/09/127-evolucao.html )

 

 

 

6 comentarios

Anahi Duzevich Bezoz -

varialioso material de lectura Betty, como siempre agradecidad de que compartas
un abrazo grande
Anahí

Blanca Basile -

Este cuento está bien escrito y con mucho humor, le agradezco a la traductora y a Baiao por compartirlo.

betty badaui -

Me sorprendí gratamente cuando vi la traducción que Rosa Lía Cuello hizo del relato de Baiao; asombroso, ésto habla de altura, admiración hacia el texto y generosidad hacia los lectores para que lo lean sin el traductor, como hice yo.
En esta segunda lectura lo disfruté más.
Desde el blog va un doble abrazo.

Rosa Lía -

Me gusta mucho este texto Humberto.
Evolución

Claro que no soy bipolar, pero durante los primeros tiempos de vida creí graciosamente que lo era porque todos lo decían. Solo más tarde me di cuenta de un gesto que oscilaba entre el del pacato abuelo Bernardo y de la hiperactiva abuela Gloria.
Los ademanes y otros motivos que engalanaban el uniforme de mi abuelo, tales como los botones amarillos del dólman e los galones dorados habrán seducido primero, e conquistado después, el corazón de la abuelita Gloria.

Telegrafista, Bernardo llegó a ser el hombre más importante del consejo de Pasos de Brandao, donde se casaron, él jefe y funcionario único del puesto de telégrafo, mister de donde le -nació la tranquilidad cultivada, habituado como estaba a esperar horas por el retorno de mensajes a la vuelta del mundo
Pero era inimaginable pensarlo distanciado de Gloria; gallega, alta, fuerte, y a quien los hermanos apodaban fonola ambulante, siendo que el más joven, Francisco, vuelto en falta de las tierra de Francia, quando la oía hablar como quien no se calla ni tiene intención de hacerlo, se agarraba la cabeza con las manos, gritaba “machine gun, machine gun, machine gun” desapareciendo de la vista hasta por dos o tres días.
Mi abuelo era el primero en saber las noticias del país y del mundo, que primero masticaba para después vomitar en una cintita llena de puntitos y trazos que con un clavo fijaba en la puerta de la barraca. En esta altura se elevaba el telegrafista de la estación de trenes (acumulando una tachuela más) y para que de esa manera de los dos recados, le armaran una barraca arrimada a la estación, para donde los hilos del telégrafo civil también fueran trasmutados.

Así aprendió a trabajar en simultáneo con las dos manos, cuéntase que Montevideo avisaba que el tren salido de Sta Apolónia llegaría con dos horas de retraso, o la estación de Porto Campanha de que el vapor de Caracas con destino a un crucero por Europa, el famoso “Admiral”, abandonara después de la fiesta el puerto de Buenos Aires y se atrasaría un día

Tener en las manos las agujas del mundo le moldó una placidez que contraponía día a día a la remanente agitación de Gloria. Se completaban. Se completaron

Yo me perdía jugando entre los carruajes estacionados en las estación y la herrumbre del suelo. Olía a ferroviario y, algarroba entre cuyos fardos, subiendo o descendiendo vivía las aventuras de “Thierry La Fronde” o Robin de los bosques, francés que veía en la televisión en blanco y negro(canal único y donde aparecía a veces un señor bien puesto que era siempre muy aplaudido), Tv que para visionarnos nos obligaba a un gasto mínimo, pues el salón era repartido por la reunión de clientes, para bailables, y la taberna del señor Raúl, que me cobraba una gaseosa que yo hacía durar hasta las once, hora en que cerraba por fuerza de los civiles y las normas
El resto de los filmes que generalmente quedaban por ver, los acababa yo en la mañana siguiente, huyendo de los vagones y trepando los paquetes de algarroba de la niña Marianita o de restos de corteza del señor Cascalho tenía un D. Elvira con la bocina gangosa y mas tarde habría de comprar por catálogo venido de Checoslovaquia, un lustroso Skoda, llegado con defecto o manía grave, no sabía parar
Cansado de divertirme me agarraba a un pedazo de pan cubierto con azúcar refinada e me entretenía cariando los dientes …
Antes de la llegada de la Tv me divertía espiando a mi tía Francisca, hermana de mi madre que vivía con nosotros y que loca de amor por un estudiante, pasaba horas enamorándolo en el teléfono, retorciéndose para que yo no la oyera ni le viera las caras, presa de un hio alargado hasta Coimbra
Los sábados venía el estudiante hasta acá, se retorcían los dos en el umbral de la puerta de entrada, en medio de risitas e pellizcones, que yo bien veía, bastaba eso para que mis padres se aproximaran de oídos pegados a los sonidos, rezando una novela venezolana, que los dejaba llorando, hasta el día siguiente, pues terminaba comúnmente en medio de una desgracia o de un misterio por aclarar

Mi padre era guarda hilos y, con un equipo, extendía líneas telefónicas por todo el margen norte del Douro, mi madre costurera en el “ Theatre Municipal”, que juntaba con limpiezas en la “Radio Voz Popular” de cuyas novelas era devota.

Me casé en terceras nupcias con una rubia de Vila Real; autoritaria y versada en leyes; tenemos dos pimpol,los lindos, él rubio como la madre, ella morena como yo.
El joven estudia informática “dicen que es un empleo con futuro”
Ella pasa los días inclinada sobre la computadora enamorando en la Net, es agitada como la madre y la tri-abuela y hasta habla como los aviones
Él tal cual el tatarabuelo Bernardo, calmo, plácido, meditativo.
Yo solo hace poco develé el significado de los términos bipolar e hiperactivo.
Frecuenté las “Nuevas oportunidades”,¿ sabían?



Gracias Betty por esta publicación.Abrazos

Lily Chavez -

Me pareció muy bueno, lástima que no se cuente con una traducción. Al igual que Betty se me deben haber pasado algunas cosas pero entendi la mayoria. Enriquecedor.

Betty Badaui -

Sumamente agradecida, Rosa Lía Cuello, por el material enviado, así también a Humberto, un placer leerlo, aunque tuve que ayudarme con el traductor por mi ignorancia sobre un idioma tan bellamente sonoro como lo es el portugués.
Betty